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Correr Previne o Câncer de Mama

câncer de mama 
Estudo revela que a corrida fortalece o coração e acelera o processo de recuperação
11/10/2012 10:38  | Por Thaís Ferreira   
 
Foto: Daniel Werneck

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Não é de hoje que estudos demonstram que mulheres fisicamente ativas têm menores chances de ser vítimas do câncer de mama, o mais mortal dos tumores malignos entre a população feminina de todo o planeta. Ainda assim, no Brasil, as taxas de mortalidade por causa da doença continuam nas alturas — 12.500 mortes ao ano, em média, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

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A novidade é que além de prevenir a doença, os esportes de alta performance, como a corrida, produzem nas mulheres já curadas do câncer uma espécie de barreira protetora, que impede a reincidência da doença, além de atuar a favor da saúde do coração delas. Motivos de sobra para tirar aquele tênis de corrida do armário. Bem, pelo menos é o que sugerem os cientistas do Sports Medicine Center de Florença, da Itália, autores de um estudo apresentado no encontro do The American College of Sports Medicine, nos EUA.

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O trabalho mapeou por quatro anos a experiência de 30 atletas remadoras e ex-vítimas do câncer de mama.  E a expectativa era de que o esporte apresentasse significativo impacto sobre o desempenho do miocárdio das pacientes. Teoria comprovada, uma vez que a frequência cardíaca de repouso delas passou a ser menor após os anos de treinamento.

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A surpresa, porém, ficou por conta da descoberta de que atividades físicas adequadas, como a corrida e a caminhada rápida, permitem reduzir em 50% o risco de retorno do câncer de mama.

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Segura, coração!
Para entender melhor a importância dessa pesquisa, basta lembrar que as pacientes que vencem a batalha contra a doença podem, por vezes, ser submetidas a medicações vigorosas e técnicas como quimio ou radioterapia, responsáveis por enfraquecer ainda mais a máquina do coração.

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“Daí a importância dos bons resultados desse estudo, como a melhora do condicionamento cardiorrespiratório por meio da prática de atividades físicas intensas, como a corrida”, avalia o oncologista Artur Malzyner, do Hospital Israelita Albert Einstein, além de membro da European Society for Medical Oncology.

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Essa, digamos parceria entre a atividade física e o coração funciona da seguinte forma: ao acelerar as passadas na pista, a corredora aumenta a eficiência do seu músculo cardíaco, permitindo que uma mesma quantidade de sangue seja bombeada por minuto, mas com menor número de batimentos do coração. E tem mais, o exercício intenso dá um up no sistema imunológico, também escalado na luta contra as células cancerígenas.

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Corrida com musculação
Especialmente no controle da obesidade versus diagnóstico de câncer, o esporte de alto rendimento é um grande aliado da mulher.

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Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), Jomar Souza: “O tecido gorduroso funciona como uma usina de substâncias tóxicas, inclusive em casos de câncer de mama”. Daí a importância de se manter o corpo magro, sequinho. Por isso, atualmente, a comunidade científica já bate o martelo para a ideia de que obesidade provoca o acúmulo de substâncias parentes da insulina no organismo, capazes de estimular a multiplicação sem controle de células malignas.

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E com isso, além de reduzir o risco de doenças cardiovasculares, a corrida ajuda as vítimas do câncer a emagrecer e manter o peso, com o consequente fortalecimento da autoestima — o que afasta o risco de elas caírem em depressão. E de quebra, pode ser útil na recuperação física pós-cirurgia nas mamas, desde que aliada à musculação e ao pilates. A dobradinha corrida-musculação favorece o restabelecimento dos movimentos do corpo, dá força aos ombros e alivia a rigidez característica nas costas. Mas (atenção para o detalhe) só vale iniciar as séries e repetições sob orientação médica.

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Retorno Gradual e Progressivo
A decisão de correr exige o aval de um oncologista, de um cirurgião plástico e de um médico do esporte. E não se pode ter pressa, sob o risco de queda do sistema imunológico. Com a liberação em mãos, de quatro a seis meses após o tratamento, o retorno deve ser gradual e progressivo. Assim, os sistemas cardiovascular, respiratório e musculoesquelético têm chance de se (re)adaptar às exigências do exercício.

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“O esporte competitivo não pode ser retomado imediatamente à fase final do tratamento, já que as pacientes ainda estão imunocomprometidas, e o treinamento intenso pode acentuar essa queda do sistema imunológico”, alerta Raphael Fraga, cardiologista do Hospital Samaritano. Além disso, o retorno desorganizado pode causar má cicatrização, sobrecarga cardiovascular, arritmias, exaustão precoce, distensões musculares e até fraturas. Já com o organismo preparado para encarar as atividades físicas, mulheres que sofreram com o câncer de mama podem encarar a corrida com a mesma energia com a qual enfrentaram o difícil tratamento.

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E as outras, que não tiveram que enfrentar essa difícil batalha, devem ficar de olho na prevenção, avançando nos treinos e deixando para trás o risco de fazer parte das estatísticas de vítimas da doença.

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Corra desses números
- Em 2012, estima-se que haverá 52.680 novas vítimas do câncer de mama.

- As estatísticas apontam 52 casos para cada 100 mil mulheres.

- O esporte de alto rendimento é um grande aliado da mulher no controle da obesidade — e, portanto, na prevenção do câncer de mama.

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(Fontes: Artur Malzyne, consultor científico da Clínica de Oncologia Médica, médico do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da European Society forem Medical Oncology; Jomar Souza, médico pós-graduado em medicina do esporte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atual presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE); e Raphael Fraga, cardiologista do Hospital Samaritano.)

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(Matéria publicada na revista O2 nº113, setembro de 2012)
 

.IMPORTANTE.

  • Uma correta prática de exercícios físicos deve começar no consultório médico. Faça uma avaliação clínica geral antes de começar uma atividade física. Somente um médico poderá orientar e resguardar a saúde do atleta, indicando seus limites físicos.
  • As informações aqui disponibilizadas são de caráter exclusivamente informativo.